Projeto Cearense de Óleo de Caju Como Combustível
- 11/06/2025

Cientistas da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveram uma tecnologia que transforma o líquido da castanha do caju (LCC) em combustível para indústrias siderúrgicas. A tecnologia pode ser uma solução para a transição energética do setor, substituindo derivados do petróleo e diminuindo o uso de combustíveis auxiliares. Patenteada no fim de abril deste ano, a inovação já está em negociação para fins de licenciamento e comercialização. E, se for utilizado, traz uma série de vantagens para o meio ambiente, como a redução das emissões de carbono e outros gases do efeito estufa. “O processo siderúrgico precisa de carbono para o ferro virar aço. Para isso, eles usam o carvão mineral. Agora, o LCC entra como um grande colaborador desse processo”, detalha o professor do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFC, Diego Lomonaco.A tecnologia foi desenvolvida durante o doutorado de Leandro Miranda Nascimento, sob orientação do professor Lomonaco. A pesquisadora Selma Elaine Mazzetto também é listada como inventora na carta patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Hoje, o Ceará mantém a liderança na fabricação de castanha de caju, com 71,2% da produção total do Brasil (141 mil toneladas), conforme dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). Nessas fábricas, são realizados processos para extrair a amêndoa da castanha-de-caju. Essa é a parte comestível do fruto, rica em nutrientes e gorduras monoinsaturadas, conhecidas como ‘gorduras boas’. A extração das amêndoas no Brasil ocorre por meio do cozimento, enquanto no resto do mundo a extração se dá pela quebra das cascas. O líquido da castanha do caju (LCC) é um óleo escuro e viscoso, que corresponde a 25% do peso da casca da castanha, e é gerado por meio desse cozimento. Essa substância é difícil de ser descartada no ambiente devido à lenta biodegradabilidade e ao excesso produzido. Assim, o LCC gerado nas empresas produtoras de castanha são armazenados em tanques e vendido como combustível em cadeiras, já que possui um elevado poder calorífico.